4 de outubro de 2007

envelope recheado.

quem é você? (...)
não era um tanto quanto esquisito ela não saber quem era? e também não era uma injustiça o fato de ela mesma não poder determinar sua aparência? isto simplesmente lhe tinha sido imposto ao nascer. seus amigos, estes sim ela talvez pudesse escolher, mas não tinha a chance de escolher-se a si própria. não tinha sequer decidido ser uma pessoa.
o que era uma pessoa? (...)
não era extraordinário estar viva naquele momento e ser personagem de uma aventura maravilhosa como a vida? (...)
depois de pensar um pouco sobre o fato de existir, sofia não pode deixar de pensar também que um dia desapareceria. (...)
estou vivendo no mundo agora, pensou. mas um dia terei desaparecido. cismada, sofia parou um instante no passeio de saibro. tentou concentrar todo seu pensamento no fato de existir, a fim de esquecer que um dia deixaria de existir. mas não conseguia. no mesmo instante em que se concentrava no fato de existir, pensava também que um dia morreria. e o mesmo ocorria ao contrário: só quando sentiu intensamente que um dia desapareceria é que pôde entender exatamente o quanto a vida era infinitamente valiosa. (!) e quanto maior e mais clara era uma face da moeda, tanto maior e mais clara se tornava a outra. vida e morte eram dois lados de uma mesma coisa.
não se pode experimentar a sensação de existir sem se experimentar a certeza que se tem de morrer, pensou. e é igualmente impossível pensar que se tem de morrer se pensar ao mesmo tempo em como a vida é fantástica.
sofia lembrou-se de que sua avó dissera algo semelhante no dia em que soube de sua doença. - só agora entendo o quanto a vida é rica - foram suas palavras.
não era triste que a maioria das pessoas tivesse primeiro que ficar doente para só então entender o quanto a vida é bela? ou então que tivessem de encontrar uma carta misteriosa na caixa de correio?

- o mundo de sofia de jostein gaarder. (enfases minhas)




p.s.: verifique sua caixa de correio :)

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