31 de agosto de 2007

aleatoriedade.


carlinhos fugiu de casa e quebrou o pé
ele pegou uma carona e quebrou a mão
sorte que foi só a mão
porque se fosse o corpo todo
não teria o corpo pela metade
mas teria a cabeça arrancada para uma criança má
então ele sentou e chorou
chorou de rir
ae todo mundo veio perguntar o que aconteceu
e falavam que ele tinha morrido, foi muito trágico
e todos começaram a chorar na mesma hora
parecia um coral
daqueles corais do mar, mas era cor de rosa
e então eles coloriram de azul pra ficar diferente
azul da cor do mar
mas quem disse que o mar é azul?

- marina, ellen, amanda e ráyza, respectivamente.




alguém já brincou de historinha?
cada uma escreveu uma linha, lendo apenas a última linha escrita e desconhecendo as anteriores..
aê saiu o que saiu :D
tá vai, é divertido quando termina.
ri até chorar (novidade :P)

divergência.

o tempo voa e parece uma eternidade.
sim.
o tempo custa a passar, vai, vai, vai!...
mas os dias voaaam, acordo e já vou dormir!
como pode tão poucos dias parecerem anos e os dias futuros tão distantes?
ah, se fosse possível tamanha discrepância, eu inverteria tudo!
faria os dias mais longos e meses mais curtos...
ou então aumentaria um dia no final de semana. se chamaria disabádo. é, mudaria a tônica também.
quem sabe assim o tempo não andava mais devagar e chegava logo...


- má;

30 de agosto de 2007

fiasco chistoso.


diante da minha indisposição para prestar atenção na aula de biologia, com a voz do professor pardalzinho que ecoava pela sala explicando algo sobre.. ahnn o que era mesmo?... eis que me surge uma súbita vontade de escrever, e faço uma tentatíva frustrada em meu momento de distração:

ah se eu pudesse falar
diria bem no pé do ouvido
o que não podes escutar

antes fosse mosca
zumbiria inaldível
mas como sou moça
não digo tal coisa horrível

eu sei, foi das piores... mas o incrível foi, ao mostrar meu desastre literário à minha ilústre amiga dona rayza, ela responder com poema de tamanha grandeza:

marina morena
pra que falar no pé do ouvido
quando se pode gritar
não deve ser tão ruim
ouvir você falar

ao que não me recuso responder:

querida rayza
não devo dizer
pois trazerá raiva
você tem que me deter

sendo assim ela finaliza, me impedindo de continuar:

porque tentar deter
alguém como você, marina?
e para com isso de raiva
se liga minha menina
fim.

não é preciso dizer que demos mais do que gargalhadas na entediante aula sobre a vida. :)
apenas não tente entender, é incompreensível: "criança se diverte com qualquer coisa", como diria meu amado digníssimo, senhor felipe gilli.

- má;

29 de agosto de 2007

pequena singeleza.


vendo sua maneira simples de encarar a vida, ela perguntou:
- o que é a felicidade pra você?
surpreendendo-a, ele a assustou, dizendo:
- a felicidade não existe, anna...
apreensiva, ela subitamente inquiriu:
- você me amedronta! qual é a esperança para os que vivem na miséria emocional? o que posso esperar da vida, se tive tanta riqueza exterior e tão pouco dentro de mim?
marco polo completou:
- a felicidade não existe pronta, mão é uma herança genética, não é um privilégio de uma casta ou camada social. a felicidade é uma eterna construção.
respirando aliviada, ela indagou:
- como construí-la?
como um contador de histórias que passeia pela psicologia, ele fitou seus olhos e discorreu:
- reis procuram aprisionar a felicidade com seu poder, mas ela não se deixou prender. milionários tentaram comprá-la, mas ela não se deixou vender. famosos tentaram seduzi-la, mas ela resistiu ao estrelato. sorrindo, ela sussurrou aos ouvidos de cada ser humano: "ei! procure-me nas decepções e dificuldades e, principalmente, encontre-me nas coisas anônimas da existência". mas a maioria não ouviu a sua voz, e os que a ouviram deram pouco crédito.
- que lindo! fale mais sobre o que é ser feliz, meu imprevisível poeta.
- ser feliz é ser capaz de dizer "eu errei", é ter a sensibilidade para falar "eu preciso de você", é ter a ousadia para dizer "eu te amo".
lembrando de seu pai, ela expressou condoída:
- muitos pais morrem sem jamais ter coragem de dizer essas palavras aos filhos. esquecem das coisas anônimas.
- é verdade. tropeçamos nas pequenas pedras e não nas grandes montanhas.

- o futuro da humanidade - augusto cury;

28 de agosto de 2007

esboço.

a primeira coisa que notei foi uma estranha garota que viajava de pé, levando um enorme saco de papel cheio de laranjas. estava com um anaroque alaranjado, e o saco que apertava junto ao corpo com muita determinação era tão grande, tão pesado que parecia prestes a cair de uma hora para outra. mas não foram as laranjas que me chamaram atenção, e sim a moça que as carregava. vi imediatamente que ela tinha uma coisa muito especial, algo insondavelmente mágico e encantador.
além disso, percebi que estava olhando para mim, que de certo modo havia me escolhido entre todos os passageiros que se acotovelaram no bonde, e, no decorrer de um único segundo, foi como se nós dois tivessemos formado uma espécie de aliança secreta. logo que entrei, ela cravou os olhos em mim, e talvez eu tenha desviado a vista, é bem possivel que sim, porque naquele tempo eu era irremediavelmente tímido. mesmo assim, recordo que, no breve trajeto de bonde, tinha certeza absoluta de que nunca jamais esqueceria aquela garota. não sabia quem era nem como se chamava, mas bastou um olhar, o primeiro olhar, para ela ter um poder incrível sobre mim. (...)
mas porque ela sorria daquele modo tão travesso e desafiador? e será que o sorriso era mesmo para mim? ou simplesmente acabava de lhe ocorrer uma coisa engraçada que não tinha nada a ver comigo? ou ela estava rindo de mim? essa também era uma possibilidade que não podia ser excluída. mas não havia nada engraçado em mim, eu acho, minha aparência estava totalmente normal, e sem dúvida alguma a engraçada era ela, não eu, apertando aquele saco enorme de laranjas na barriga. talvez estivesse sorrindo por isso, de si mesma. talvez fosse capaz de muita auto-ironia. qualidade que nem todos possuem.
não me atrevi a fitá-la de novo nos olhos. fiquei olhando fixamente para o saco de laranjas. é agora que ele vai cair, pensei com meus botões. ela não pode deixá-lo cair. agora cai.
no saco havia pelo menos cinco quilos de laranjas, talvez até oito ou dez.

- a garota das laranjas - jostein gaarder;
.

isso cansa.




pouco me importa.
pouco me importa o quê? não sei: pouco me importa.


- alberto caeiro;