22 de setembro de 2007

amadogprezado.

querido. curiosa palavra. "fulano de tal é uma pessoa muito querida". sabe? aquela pessoa agradável, protegida. que todos gostam, ou nem todos, talvez apenas alguém.
querido. derivado do verbo querer.
eu quero. tão egoísta. eu quero, queres, quer, querem, quereis... todos queremos algo, ou alguém.
talvez, apenas queira o bem de alguém. querer bem de alguém, alguém querido.
talvez, queira possuir alguém. desejar alguém, alguém querido.
querer-te bem. querer-te, bem querer. querer-te, querido.

-má;

whispers.

- finish it.
(...)
- i don't know. i'm trying to. but i don't know how.
- you do. you will... you do. you will...
(whisper far away: i'm not afraid anymore, tommy)
- i'm gonna die. i'm gonna die... (smiles)
- togheter we will live forever. (tears)
- forever?
- forever. (grins)
- we will live forever.
- finish it.
- ok.
- do filme the fountain (fonte da vida).

21 de setembro de 2007

alento matinal.

eu fui para o banco de trás
o de reserva
o do fundo
o desprovido da melhor visão

tiraram-me a única paixão da manhã
tiraram-me do meu alento
da minha visão
era minha visão

tiraram-me de ver aqueles traços
tão bem desenhados e alinhados
tão bem coloridos e pintados
de mais refinado gosto

fui para o banco de trás
não estou mais a frente
e não posso mais contemplar-te
horizonte

-má.

18 de setembro de 2007

passatempo.

era uma vez um ipod azul
que tinha umas músicas nostálgicas
mas o rádio pifou, e essas músicas pararam
então jogaram os velhos discos fora
e depois se arrependeu e foi atrás no lixão
e tomou banho de lama pra aliviar
e rejuvenescer alguns anos.. depois
viu que ficou muito, mas muito mais velho do que já era
e começou a aproveitar mais a vida, pois viu que ela é muito curta
então saiu a procura de um novo amor
porque o velho já não lhe agradava mais
e o novo era bem mais colorido e saltitante como
um canguru inglês, que pulava feito
um sapo velho no brejo da cachoeira do pântano


//historinha por lufê, luiz, ray, manda, réyza, má - respectivamente.

14 de setembro de 2007

just fine.

you tell everybody
that you'r doing fine
but i know you better
and i know you'd never
let them see you cry
keep telling yourself
that you don't need help
i wish you'd take it easier, friend
because if life is the means
what's the end?

// tokyo rose - the hard eight;

11 de setembro de 2007

folhagem do tempo.

- dá licença pra eu varrer aqui, marina?
- claro... uma vassoura de folhas!
- é, uma vassoura de folhas novas que varre as folhas velhas que estão no chão
- é, vassoura de folhas que varre folhas...
- será que as folhas velhas não grudam nas novas da vassoura?
- eu acho que sim...
- e um dia as folhas novas ficam velhas e vão ser varridas por outras folhas novas.
- a vassoura está frouxa, tenho que apertar um pouco pra ficar mais firme. muito nova.


(diálogo: sr. newton, má e sylvinha)

controle.

quando se precisa de alguém, pra que braços correr? aonde lançar seu corpo em descanso e segurança? sem medo... em quem confiar?
acho perdi um pouco da confiança nas pessoas. acredito em tudo que me dizem, sendo mau. desconfio de tudo que me dizem, sendo bom. deu pra entender?
mas o que me irrita é a facilidade que possuo para cair em falcatruas. inocente. devia ser proibido as pessoas se aproveitarem dos outros. crime de cadeia. e perpétua, quando se trata de sentimentos. isso é tão errado, tão errado...
ah, incertezas! às vezes elas me corroem por dentro.
você já quis viver sua vida duas vezes? por dois caminhos? em um deles você optaria por uma escolha, em outro... pelo oposto. sabe, saber que fim cada escolha chegaria, afim de seguir com a mais feliz. como se pudéssemos dar ctrl+z na vida. parece bom, não?
mas então, tudo perderia seu mistério, marina. a vida não seria mais a grande aventura que é. perderia toda mágica, seria trapaça. mas quem é que não se agrada de uma trapaça? é só brincadeira, vai! bom, pelo menos quando a fazemos, certo? porém, quando vem pra cima da gente não é mais tão divertido assim...
será que posso confiar em você? trapacear e confiar na sua trapaça...? perguntas que ecoam dentro de mim.

- má;

10 de setembro de 2007

desvaneios em trânsito.


você já sentiu como se todas as forças do universo te impulsionassem para fazer alguma coisa? como se aquilo já tivesse sido traçado muito tempo atrás e fosse tão normal e esperado quanto o orvalho da manhã? se tudo já tivesse sido desenhado e coordenado muito antes?
mas o que fazer quando uma (ou mais, talvez) coisa te impede de continuar seguindo o que parece ser a força do acaso? do destino?
será que o orvalho é mesmo tão normal assim? eu digo, é de se surpreender, não? tão mágico e bucólico.
às vezes sinto que nos pregam peças. mas quem? sinto como se fossemos peões da existência de algo maior, ou menor. talvez de nossa própria mente. talvez sejamos nós que simplesmente criamos o acaso. já parou pra pensar que às vezes pequenas coisas podem mudar sua vida? uma rejeição, um olhar, um telefonema, um papel de bala...
por que viver de maneira tão medíocre? com certeza há algo que dê sentido as perguntas não mais questionadas, ou questionadas demais em nosso interior.
não posso deixar de citar: 'há mais entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia'
e, pra que saber tudo, afinal? se tivesse uma dica, ficaria imensamente feliz. mas confesso que procuraria por mais.
não posso deixar de me interromper agora, enquanto observo pela janela... a natureza é tão perfeita! impossível não se deslumbrar ao contemplar um final de tarde. o céu numa cor tão maravilhosa constantemente mudando de tonalidade; mista de lilás, laranja e uma cor indecifrável que não acredito que possa ser reproduzida numa tela de pintura. e o que dizer das árvores contrastando nas nuvens?... realmente gostaria de ter uma máquina fotográfica atrás de minhas pálpebras.
aqui estou eu em meus devaneios sobre as rodas em movimento de um ônibus interurbano. mas o que me pergunto é: o que nos move aqui? o que te move aqui? existe alguma força maluca e inconsequente do destino? não posso prometer mais nada a ninguém. não mais. não por agora. meus planos, eles estão em perigo. por algo que talvez eu deva chamar de interferência do mundo das idéias. ou talvez, não.

-má;

quimera.




- acorda, marina.
- e estou dormindo?
- não, acorda pra vida!
- não quero, não quero...

triiiim, triiiim, trii.. poft!

6 de setembro de 2007

ser estrela não é melhor que ser um mundo.


todos valorizam pessoas talentosas; alguns idolatram, outros têm como exemplo e querem seguir seus passos. é verdade que os dons abrem portas, mas isso não é tudo.
existem vários dons, alguns públicos e outros escondidos. há pessoas que possuem mais de um, e também os que ainda não encontraram o seu. mas é certo que todos temos algo que nos torna únicos e especiais. Cada pessoa é um mundo, um universo a ser descoberto.
talvez alguns pensem que é necessário ter um talento explícito para ganhar seu lugar no mundo; mas ele não vai levar a lugar nenhum se não for encontrado, trabalhado e aperfeiçoado, independente do talento que for. e quem garante que não possamos criar talentos? tudo vem da prática e força de vontade. o que nos impulsiona são os sonhos.
uma pessoa que não é boa com números pode se tornar excelente se estudar e esforçar-se; da mesma maneira que uma pessoa que canta muito bem pode, na verdade, não entender nada de teoria musical e canto. talento sem conhecimento não se aperfeiçoa. conhecimento sem força de vontade não leva ao talento. na vida é necessário ter sonhos, ela deve ser feita de sonhos, e tê-los como combustível.
é necessário saber como usar o dom para alcançar seu lugar no mundo. alguns não se perdoam por não terem determinado talento, mas se esquecem de que o mais importante não é ser uma estrela para todos. esquecem-se de que com o simples dom de amar sendo praticado é possível conquistar o mundo de alguém.
- má;

5 de setembro de 2007

cataventos.

impressionante como são as pessoas.
hoje de manhã, acordo bem disposta, e saio em direção ao carro de minha tia, que já me esperava lá fora com as meninas impacientes, para irmos à escola.
no meio o caminho, a nossa frente, entram um fusca e um ônibus escolar fumacento. claro, que a motorista não poderia deixar de reclamar da lerdeza em que os dois carros iam. é tão agradável começar o dia com pessoas reclamando. mas, noto, na janela do ônibus branco com faixas azuis e amarelas, na ultima janela, como que por mágica.. há uma mão pra fora, pequena mão, segurando nada mais, nada menos que um grande catavento! reparo que a inteligência da criança foi aproveitar o ônibus em movimento e o ar em repouso, gerando vento no brinquedo que girava com extrema graça. muitos não chamariam de inteligência, talvez até censurassem. mas por que não começar o dia se divertindo? e com coisa tão simples? muitos diriam: o que é aquilo? um pedaço de pau? - assim como fez minha tia. a quem esclareci em uníssono com minha prima: é um catavento!
um catavento, quem diria. plena manhã de quarta-feira, mais exatamente 6:56h, um catavento grande e simples, de madeira, na ultima janela de um ônibus fumacento lotado de crianças. talvez esse fato passasse desapercebido pela maioria. e talvez nenhuma das outras garotas que estavam presentes nessa cena, ainda se lembrem, agora. afinal, aquele ônibus fumacento e grande estava impedindo nossa passagem, tomando preciosos 1 minuto e meio do nosso tempo, nos fazendo chegar na escola as 6:59!
-má;

3 de setembro de 2007

maqueia.

sorri.
quando a dor te torturar
a saudade atormentar
os seus dias tristonhos vazios

sorri.
quando tudo terminar
quando nada mais restar
do teu sonho encantador

sorri.
quando o sol perder a luz
e sentir uma cruz
nos teus ombros cansados doídos

sorri.
vai mentindo a sua dor
e ao notar que tu sorri
todo mundo irá supor

que és feliz.

neutral.

você pode me dizer o que quiser agora, eu não vou ouvir. não quero. pode me repetir a verdade que já sei. não vou te escutar. não agora. não quero, não vou. mas queria. cansei. cansei. cansei. esgotei. a verdade está em meu coração, gravada em minha memória. eu já sei, entende? não me diga. não quero escutá-la. não preciso ver sua face de reprovação e ouvir seu julgamento precoce. só queria seu abraço e ajuda. ah, mas eu queria tanto despertar, ao mesmo tempo que queria dormir, e sonhar.

-má;

2 de setembro de 2007

prosa com o céu.


"ora (direis) ouvir estrelas! certo
perdeste o senso!" e eu vos direi, no entanto,
que, para ouví-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...

e conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um pálio aberto,
cintila. e, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

direis agora: "tresloucado amigo!
que conversas com elas? que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?"

e eu vos direi: "amai para entendê-las!
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas."

soneto xii de via láctea - olavo bilac;