16 de setembro de 2008

"você pode me ajudar?"


"ei! aonde estou?" ela é ignorada. e tudo que pensa é: "como cheguei aqui?"
por aquelas ruas sujas e sombrias, ela corre sem destino, procurando por algo que a guie. uma luz? um sinal? uma placa? alguém? quem sabe... alguém que não a julgue. alguém que não peça nada em troca. e que saiba, exatamente, do que ela realmente precisa. o que ela precisa ouvir, o que ela precisa sentir.
"você pode me ajudar?" ela pergunta ao farmacêutico. ele sorri maldoso: "do que você precisa?". ela olha sua postura reta, e repara em uma placa, acima de sua cabeça. o que era mesmo que estava escrito lá? ela não podia ler, seus olhos estavam embaçados. "eu preciso de algo que me tire essa dor, você pode me ajudar?" ela pede. "aonde dói, minha criança?" o homem a olha bem dentro dos olhos. "bem aqui, você pode me ajudar? por favor..." suplicando a garota cai em seus joelhos e fecha os olhos, chorando. ao notar isso o homem a responde: "eu não posso tirar essa dor de ti, você sabe quem pode. porém eu tenho algo que possa aliviá-la" ele diz a ultima palavra pausadamente... "por favor, por favor! diga-me o que é?", ele lhe mostra um pacote e se aproxima de seu ouvido: "ISSO. maaas ISSO tem um preço, disposta a pagar?". seu desespero é tanto que ela não ouve o seu interior, aquela voz tão baixa lhe dizendo que não devia confiar naqueles olhos sem brilho... e sem pestanejar... "qualquer coisa por alívio...". "ótimo!".
alguém que observava a garota, corre ao seu encontro: "ei!". ela olha o garoto, "oi...". ele sorri. "o que você quer, seu monte?", o homem com o pacote fica nervoso. a garota curiosa examina e pergunta ao que saiu das sombras "eu te conheço de algum lugar, não é verdade?". o garoto olha para baixo, parece procurar por coragem em seus cadarços desamarrados para dizer alguma coisa. então ele apenas levanta os olhos, fixos nos olhos castanhos e cheios de dúvida da menina, e sorri. o sorriso mais doce que ela já tinha visto. e isso a faz lembrar que... espere, aonde foi parar aquela dor? seu coração encontrou paz. e seus olhos, eles brilhavam.

-má.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, lindo.

Saudades dos seus posts.

N. Rodrigues disse...

Um belo conto Marina. Fiquei com dó da menina no começo, mas que bom que tudo se acalmou e que ela encontrou paz. Continue escrevendo, viu? Vc tem talento.

p.s: ADOREI o nome do seu blog. Muito criativo e sapeca :)